Uma mudança importante — e muito aguardada — está prestes a entrar em cena no mundo do trabalho brasileiro. A partir de 26 de maio, a inclusão dos chamados fatores psicossociais na Norma Regulamentadora nº 1 (a famosa NR-1) entra oficialmente em vigor. Mas calma: por enquanto, nada de multas. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) decidiu que, num primeiro momento, a medida terá caráter educativo e orientativo.
A decisão veio após pedidos de diversas entidades representativas do setor produtivo, com destaque para a FecomercioSP, que levou ao governo a preocupação de milhares de empresas, especialmente as de pequeno porte, que ainda não estavam preparadas para colocar a norma em prática de forma imediata. O principal entrave? A falta de clareza nos conceitos e a dificuldade em implementar um gerenciamento técnico realista diante dos recursos limitados de muitos negócios.
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Na prática, os fatores psicossociais dizem respeito a tudo aquilo que, no ambiente de trabalho, pode afetar a saúde mental e emocional dos trabalhadores — como pressão excessiva por metas, jornadas exaustivas, assédio ou falta de reconhecimento. Mas interpretar e aplicar esses conceitos, ainda tão subjetivos, exige cuidado, informação e estrutura.
Para ajudar nessa missão, o MTE anunciou que vai lançar um Guia de informações bem completo, reunindo orientações práticas sobre como identificar e lidar com esses riscos. O material está sendo construído com representantes dos trabalhadores e dos empregadores, numa tentativa de deixar tudo mais transparente e acessível para quem está na ponta.
Além disso, o ministério planeja criar uma comissão nacional temática para acompanhar de perto essa fase de implementação. O grupo será formado por integrantes do governo, sindicatos e do setor empresarial.
A conquista do prazo educativo teve como um dos marcos principais uma reunião em Brasília entre o ministro Luiz Marinho e representantes da FecomercioSP, incluindo o presidente em exercício da entidade, Ivo Dall’Acqua Júnior, além de outras lideranças empresariais. A ideia era clara: garantir que a norma seja efetiva, sem se transformar em mais uma dor de cabeça burocrática.
Vale lembrar que o tema já vinha sendo debatido com profundidade. Em abril, a FecomercioSP promoveu uma live com especialistas, incluindo Eduardo Pastore (assessor jurídico da entidade), Luciana Diniz (advogada da CNC) e José Luiz Pedro de Barros (gerente da Firjan), oferecendo uma análise crítica e detalhada sobre os impactos da nova regulamentação.
Ou seja, o jogo começou — mas com regras mais flexíveis nesse primeiro momento. O objetivo é que a saúde mental entre, de fato, na agenda das empresas, com diálogo, informação e responsabilidade. E se for com empatia e escuta, melhor ainda.